Namoro e Encontros

Chery comanda invasão chinesa com o Tiggo

quinta-feira, 10 de setembro de 2009


“A entrada dos carros chineses no Brasil será a maior revolução do mercado nacional após o fim da restrição aos importados na década de 1990”. A frase proferida por Luis Curi, CEO da Chery do Brasil, nos dá uma idéia da repercussão que lançamentos como o Tiggo poderão causar frente as tradicionais concorrentes instaladas no país, ainda que no estágio atual eles sejam vistos como grandes promessas. Essa revolução, como o executivo a caracteriza, será estimulada por um fator de suma importância: o preço dos carros.

O Tiggo oferecerá por R$ 49 900 motor 2.0 16V de 135 cv, ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, airbag duplo, freios ABS com EBD, MP3 Player, rodas de liga leve aro 16”, banco do motorista e volante com ajuste de altura, alarme e até mesmo aquecimento dos assentos dianteiros. Como você já conferiu no Carro Online, o próprio Curi nos revelou que em outubro a Chery completará sua frente de batalha com a chegada do compacto QQ (R$ 22 900), do Face (R$ 29 900) e do atual A3, que mudará de nome no Brasil, nas versões hatch e sedã, ambas oferecidas por R$ 42 900. Esses modelos virão com um pacote tão completo ou, em alguns casos, ainda mais atraente que o do Tiggo por valores inferiores aos de seus concorrentes, afirma a Chery.

Mas qual seria o segredo da Chery? A empresa, fundada em 18 de março de 1997, possui capital 100% estatal e partiu de uma iniciativa da administração chinesa de criar uma marca global, com ênfase em exportações. Sediada em Wuhu, a Chery possui cerca de 22 000 funcionários, sendo que mais de 100 deles são especialistas provenientes da Europa, de grandes companhias do setor, para auxiliar nas operações e desenvolvimento de novos produtos. Somente na China, a Chery tem capacidade para construir 650 000 carros e o mesmo volume de motores além de mais 400 000 transmissões por ano. Segundo Luis Curi, “o segredo da Chery é trabalhar com uma margem de lucro muito baixa, além do próprio ‘custo China’, o que nos permite conseguir preços tão baixos”.

É por esse motivo – o “custo China” – que o principal executivo da Chery no país informa que a marca ainda avalia seriamente se a instalação de uma fábrica no Brasil será viável ou não. “Apenas como parâmetro, essa unidade teria de produzir em torno de 150 000 unidades por ano para ser interessante”. O Tiggo e o Face serão importados da planta da Chery no Uruguai, enquanto o QQ e o A3 virão da China.

Além das quatro novidades programadas para chegar ao país ainda neste ano, Curi garantiu que, para 2010, mais três modelos inéditos chegarão ao mercado nacional. Dentre eles estão um sedã compacto e uma minivan, todos bicombustíveis. Aliás, o Face deverá estrear essa tecnologia da Chery por aqui, a qual “é vital para ser competitivo no Brasil”, afirma o CEO da Chery. Para o próximo ano, ainda no primeiro semestre, as revendas da marca começarão a receber o Tiggo com câmbio automático e tração 4x4. Aliás, com relação às concessionárias, a rede inicial terá 30 lojas distribuídas em 14 estados, sendo que o número deverá subir para 55 pontos até o fim deste ano. “Todas serão concessionárias plenas, com assistência técnica e venda de peças. Nossos clientes também terão à disposição um serviço de road assistance 24 horas por dia e os carros têm garantia de 3 anos”, informa o executivo.

Um pouco mais de Tiggo

O Tiggo já é oferecido na Argentina, Venezuela, Equador, Colômbia, Uruguai, Peru e Chile, sendo que no último a Chery domina 3% do mercado. No Brasil, até o fim de 2009, a expectativa da marca é vender 2 500 unidades do SUV, que terá como único opcional o revestimento de couro para o interior.

Fruto de um projeto da própria Chery, o Tiggo traz uma inegável semelhança no design com a segunda geração do Toyota RAV4. Como a beleza é subjetiva, fato é que o Tiggo é proporcional nas formas, sem exageros ou excessos estilísticos. Em uma volta pela cidade de São Paulo, até mesmo a dona de um Ford EcoSport – o principal concorrente do modelo – contorceu o pescoço para identificar o modelo. Quem analisa o Tiggo meticulosamente começa a mudar sua opinião, principalmente se o seu parâmetro de carro chinês é o Effa M100. O estepe, também de liga leve, vai coberto por uma capa de fibra de vidro, o capô é suspenso por dois amortecedores e o tanque de combustível conta com abertura interna.

Apesar do "encanto" inicial, o carpete que reveste o interior transmite uma sensação de baixa qualidade. As portas pedem certa força para fechar. Em contrapartida, a ergonomia da cabine é boa e os botões têm acionamento suave. A única ressalva vai para o plástico do console, que, apesar de não exibir rebarbas e estar bem encaixado, não transmite sensação de grande qualidade. O porta-malas pode abrigar 520 litros de bagagem ou, caso o motorista remova o banco traseiro, a capacidade sobe para 1 965 litros.

Dirigir o Tiggo também nos revela surpresas e alguns pontos que ele ainda precisa melhorar. O propulsor, por exemplo, é elástico e adequado para o uso urbano, apesar da faixa de potência e torque máximos surgirem em rotações altas. Já a transmissão peca no engate das marchas, principalmente na 1ª. De acordo com nossos testes, o Tiggo acelerou de 0 a 100 km/h em bons 11s4, enquanto as retomadas de 60 a 120 km/h e 80 a 120 km/h foram cumpridas, respectivamente, em 20s7 e 14s5. A velocidade máxima, de acordo com a Chery, é de 165 km/h.

Não foi possível avaliar o Tiggo em situação fora de estrada, mas a suspensão trabalha bem para vencer os buracos, lombadas e valetas da cidade. Um problema é que o interior transmite um ranger de plásticos constante ao passar por essas imperfeições. A direção, em trechos de paralelepípedo, emitia uma vibração nada agradável. Com freio a disco nas quatro rodas, o Tiggo precisou de 44,6 m para parar vindo a 100 km/h, marca que pode ser considerada boa tendo em vista que ele pesa 1 375 kg.

Ainda é cedo para dizer se os carros da Chery farão sucesso imediato, mas é notório que a indústria automotiva chinesa está evoluindo em termos de qualidade e o Tiggo nos revelou alguns detalhes surpreendentes. Se a futura gama mantiver os preços anunciados com a motorização flex, podemos esperar uma aceitação melhor, ou pelo menos o início dela, por parte dos brasileiros. Só nos resta desejar boa sorte à Chery.

0 comentários:

compre ou venda aqui seu carro