Namoro e Encontros

Nova Saveiro

quinta-feira, 10 de setembro de 2009


É curioso notar como o mercado de carros no Brasil cria segmentos e muda o foco desses modelos pouco tempo depois. Picapes derivadas de compactos, como a Volkswagen Saveiro, só existem aqui e em outros países emergentes. Nascidas para o trabalho, elas começaram a ganhar versões especiais e passaram da labuta à diversão em pouco tempo. Deixaram de ter como principais argumentos itens como capacidade de carga e espaço na caçamba para se vender mais pelo visual. Por isso, não é de se estranhar que a VW aposte principalmente no desenho da quinta geração da Saveiro (a picape chega com preços entre R$ 30 990 e R$ 38 990 trazendo o motor 1.6 de 104 cv do novo Gol) para tirar a liderança de vendas do segmento da Fiat Strada.

“Não posso falar muito sobre a concorrência, mas o ideal, para a Volkswagen, é uma coisa mais simples, bonita e sem ‘rococó’”, diz Gerson Barone, chefe de design da marca no país, quando perguntado quais os principais diferenciais entre Saveiro e Strada. E a Saveiro, de fato, aposta em linhas bem mais convencionais que as da concorrente, mas ousa, por exemplo, com as rodas pretas da versão Trooper. O visual mais invocado da dianteira, com linhas semelhantes às do Tiguan que estiveram presentes nos primeiros mocapes, porém, ficaram para trás. “Aquela frente é o que chamamos de double wing, mas eu posso te falar que aquele é um conceito ultrapassado. Nosso desenho está ficando mais limpo, trabalhando com o claro e o escuro. Isso é uma coisa trazida pelo [italiano] Walter de’Silva [chefe mundial de design da VW]”, justifica Barone. “Na verdade, estamos fazendo uma releitura do passado. É muito difícil fazer um desenho limpo numa picape. Nós queremos um desenho do tipo chapa e vidro. É como uma mulher bonita. Ela não precisa de muita maquiagem para aparecer. Só que também é preciso ter um bom conteúdo”, compara o responsável pelo design da picape. Por isso, o slogan da Saveiro é “Simplicidade e Antidecorismo”. Referências à Strada são meras coincidências.

Realmente bem mais “limpa” que a concorrente da Fiat, a Saveiro tem uma traseira bem mais conservadora que a dianteira. Até o começo do para-brisa, nenhuma novidade, com as linhas do Gol sem alterações. Dali em diante, a porta é exclusiva (24 cm maior que a do hatch) e o apoio de pé na lateral da caçamba também faz sua estreia. Com pequenas molduras pretas contornando as caixas de roda e uma linha reta que se estende do final da cabine até a porta da caçamba, o design da Saveiro parece ter sido desenvolvido para beneficiar a versão com cabine estendida, outra opção inédita na linha da picape lançada em 1982.

Na traseira, o conservadorismo (ou a tendência “clean”, como preferir) está mais presente que nunca em laternas, tampa e para-choque sem formas ousadas. E é sempre bom lembrar aos que sentiram falta de uma dose de audácia que todos os projetos da Volkswagen do Brasil, que conta com cerca de 100 pessoas no país e 10 na Alemanha em seu departamento de design, tem de passar pelo crivo da matriz antes de ganhar as ruas. O objetivo, segundo Gerson Barone, é construir um visual atemporal. “As pessoas não querem comprar uma Saveiro hoje e ver que ela mudou amanhã.”

Base do novo Gol ‘bombada’

Como o Gol, a Saveiro mudou completamente e não traz quase nada da anterior. A base mecânica é a do hatch: motor 1.6 VHT (Volkswagen High Torque) Total Flex de 104 cv de potência a 5 250 rpm e 15,6 kgfm de torque a 2 500 rpm, cambio MQ200. A plataforma é basicamente a mesma, mas com muitas alterações.

Para começar, a Saveiro é mais comprida e tem entre-eixos maior que o do Gol. Das rodas dianteiras às traseiras, por exemplo, são 2,75 m, 15,2 cm a mais que a geração anterior do utilitário – o hatch tem 2,46 m. Em relação à antiga Saveiro, a largura cresceu 5,7 cm, o comprimento evoluiu 4,2 cm e as bitolas (espaço lateral entre as rodas) cresceram 4,7 cm na dianteira e 10,8 cm na traseira.

A caçamba, revestida com proteção de plástico em todas as versões, carrega 924 litros nas opções com cabine simples e 734 litros nos modelos com cabine estendida, que ainda oferecem 300 litros para bagagens atrás dos bancos. A capacidade de carga subiu de 700 kg para 715 kg, porém somente nas versões com cabine simples, e a tampa do compartimento de carga conta com hastes para controlar a abertura e o fechamento (um recurso muito útil para que ela não "caia" de uma vez), mas não pode ser retirada.

Ao volante, pegada do Gol

Esqueça tudo o que você conhece de Saveiro ao assumir o volante da nova geração da picape. Assim como o Gol anterior, ela perdeu o motor longitudinal, não traz mais a incômoda direção desalinhada em relação ao corpo e a suspensão não deixa a carroceria subir nas acelerações e “mergulhar” nas frenagens. Neste caso, não é papo da montadora: realmente a nova geração da Saveiro é outro carro.

O motor 1.6 aliado ao câmbio é o que mais agrada na condução. Enquanto o bloco de 1598 cm3 conversa bem com o acelerador eletrônico e responde perfeitamente aos comandos do pé direito, o câmbio é suave e preciso nas trocas – o Polo, que usa o mesmo conjunto, consegue ser um pouco superior graças à alavanca mais curta, mas a Saveiro ainda é melhor se comparada às concorrentes nesse quesito.

Com uma tocada muito parecida à do Gol, a picape só lembra o motorista que ele está a bordo de um utilitário quando há um trecho muito acidentado à frente. A suspensão com molas helicoidais e amortecedores na traseira – a Strada traz feixes de mola – é bem calibrada e agradou em trechos de terra.

De acordo com a Volkswagen, a Saveiro acelera de 0 a 100 km/h em 10s5 nas duas versões e atinge 176 km/h (cabine simples) e 179 km/h (cabine estendida) – a opção mais barata anda menos porque gera mais turbulências em altas velocidades.

Preços miram Strada

A Volkswagen não fez alarde sobre isso, mas a Saveiro ficou R$ 720 mais barata na linha 2010 quando falamos em preços de lista. Nas concessionárias, porém, a nova geração não deverá ter descontos, o que provavelmente a tornará mais cara que a anterior.

A versão mais simples custa R$ 30 990, enquanto a mesma opção com cabine estendida sai por R$ 33 690. Enquanto a primeira é R$ 90 mais cara que a Fiat Strada Fire Cabine Simples (R$ 30 900), a segunda é R$ 1 340 mais barata que a Fire Cabine Estendida (R$ 35 030) – a Strada traz motor 1.4 de 86 cv nessas versões.

Equipada com módulo Trend, que traz para-choques na cor do carro, calotas e chave canivete, entre outros itens, os valores da Saveiro pulam para R$ 31 880 e R$ 34 610. Com direção hidráulica, ar-condicionado, alarme, vidros, travas e retrovisores elétricos, os preços ficam em R$ 36 905 e R$ 39 635. São essas versões que responderão pela maior parte das vendas do modelo. “Mas podemos ajustar o mix de acordo com o que mercado exigir”, diz Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil.

O grande “golpe” da Saveiro na Strada, porém, é planejado nas versões top de linha. A Trooper, que custa R$ 36 440 com cabine simples e R$ 38 990 com estendida, é R$ 5 860 mais barata que a Strada Adventure (R$ 44 840), que já vem com cabine estendida. Só que a versão mais completa da picape da VW traz apenas direção hidráulica, volante com regulagem de altura e profundidade (só profundidade na da Fiat), computador de bordo I-System, janela traseira corrediça, rack no teto, roda de aço de 15” (a liga leve prata só está disponível no kit Trend), faróis com máscara negra e luzes de neblina.

O pacote com ar-condicionado – de série na Strada – para a Saveiro Trooper custa R$ 4 460 e traz ainda alarme, travas, vidros e retrovisores elétricos, elevando o preço da VW para R$ 43 450. Mesmo assim, o valor ainda fica R$ 1 794 mais em conta que o cobrado pelo modelo da Fiat com os mesmos itens (os retrovisores elétricos acrescem R$ 394 à Strada, que vai a R$ 45 244). Em contrapartida, a picape Fiat traz motor 1.8 de 114 cv e o dispositivo Locker, que pode transmitir a força para apenas uma das rodas dianteiras em terrenos irregulares.

Ainda na guerra interna entre as duas picapes, a capota marítima custa R$ 580 na VW e R$ 1 144 na Fiat, enquanto o kit com freios ABS (antitravamento) e airbag duplo sai por R$ 2 675 na primeira e R$ 2 827 na segunda. Só para constar, já que o alvo da VW é claramente a Strada: a Chevrolet Montana é vendida por R$ 30 265 na versão Conquest 1.4 e R$ 45 492 na Sport 1.8.

Mais seis lançamentos em 2009

O ano ainda reserva muitas novidades para os fãs da Volkswagen. A marca se limita a dizer que ainda terá seis lançamentos até o fim de 2009, mas o Carro Online já apurou alguns deles: em outubro chegam os novos Fox e CrossFox.

Com mudanças principalmente na dianteira, os hatches ficarão muito parecidos com o novo Polo vendido na Europa. Em seguida será a vez do próximo I-Motion da linha VW. Ao que tudo indica, o câmbio automatizado marcará presença também no Gol, que brigará com o Palio Dualogic. Outro BlueMotion também deverá aparecer.

Restam ainda dois lançamentos. A picape média Amarok, assegura a VW, só vem em 2010. Em relação à SpaceFox, ainda não se sabe se ela ganhará as mudanças do Fox tão rapidamente quanto o CrossFox, já que é feita na Argentina.

Somadas essas novidades às 5 000 Saveiro que a Volkswagen quer vender por mês, o plano da marca de assumir a liderança do mercado nacional está traçado. Mas a Fiat, atual primeira colocada, não está parada e também prepara suas tacadas em uma guerra que, antes silenciosa, já está escancarada.

0 comentários:

compre ou venda aqui seu carro